A decadência do Rio de Janeiro.

27/10/2015 22:39



Assim caminha o Rio de Janeiro e todo o Brasil.

Para o buraco.



O recente episódio de guerra na Rocinha entre dois bandos rivais foi mais um marco na decadência do Rio de Janeiro. Como é comum nessas ocasiões, as autoridades estaduais alegaram que não havia muito a fazer e que a responsabilidade era do governo federal, que não consegue controlar o fluxo de armamentos e de drogas.
 

É verdade que o governo federal poderia fazer mais. Assim como no resto do mundo, a proibição da venda e consumo de drogas é um fracasso no Brasil. Um trabalho recente do qual o professor de Chicago e Prêmio Nobel de Economia Gary Becker é um dos autores demonstra que, se o objetivo é diminuir o consumo, uma política de taxação de drogas é muito mais eficiente do que a interdição. É preciso aprofundar a discussão sobre a proibição de drogas no Brasil, mesmo sabendo que mudanças nessa política provavelmente vão gerar uma resposta histérica da atual administração em Washington. Também cabe ao governo federal reprimir o contrabando e o comércio interestadual de armas.
 

Drogas e armas seriam excelentes desculpas se as cenas de guerra urbana com que os cariocas já se acostumaram ocorressem com a mesma freqüência em outras capitais. O fato é que o grande responsável pela situação do Rio são os fluminenses, que elegeram uma seqüência de governos incompetentes. Entre as "contribuições" dos homens e mulheres que governaram o Estado do Rio destaca-se uma polícia em que a inaptidão do comando só é comparável à sua violência. Em 2003, a polícia do casal Garotinho matou, em proporção à população, mais de duas vezes o já inaceitável número de mortos pela polícia de São Paulo.
 

A falta de uma política consistente de ocupação do solo contribui para a favelização. As condições da baía de Guanabara testemunham a longa ausência de uma política ambiental. A degradação da qualidade de vida na cidade causou grande êxodo de empresas privadas que tinham sede no Rio e a conseqüente queda na qualidade dos empregos.
 

Mas o declínio do Rio não é um problema apenas para os cariocas. As grandes cidades formam um recurso formidável para as nações. É nesses centros que nasce a maioria das idéias em arte, literatura, tecnologia ou ciência. É principalmente numa metrópole que se encontra a densidade de talentos que facilita a troca de conhecimento e tem um efeito multiplicador no processo inventivo de cada indivíduo. Pessoas com talento migram para Nova York ou São Paulo porque lá serão mais criativas. Um grupo de economistas que estudou patentes concedidas a americanos em 1975 observou que 30% delas foram registradas por inventores em quatro cidades que totalizavam apenas 18% da população.
 

O Rio de Janeiro sempre teve papel extraordinário na construção da cultura no Brasil. A bossa-nova, o neoconcretismo e o Cinema Novo estão intimamente ligados à cidade. Menos conhecidas são instituições como o Instituto de Matemática Pura e Aplicada, o melhor centro de pesquisa matemática na América Latina, que ainda dá uma contribuição singular à formação de matemáticos, economistas e cientistas no país. O Brasil com um Rio decadente tem menos chance de se tornar realmente desenvolvido.
 

A teórica do urbanismo Jane Jacobs escreveu que "cidades vibrantes, diversas e intensas contêm as sementes do seu renascimento". Com sua beleza ímpar, algumas instituições que ainda restam de um passado melhor e uma população cheia de imaginação e relativamente educada, o Rio tem muito daquilo que é necessário para se tornar de novo a grande cidade que foi. Resta saber se os políticos fluminenses vão deixar.

 

FERNANDO ALMEIDA

 

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